Em maio de 2022, o preso havia sido beneficiado com progressão de pena em regime aberto, com o uso de tornozeleira eletrônica. No mesmo ano, em setembro, ele rompeu o dispositivo e fugiu. Ele seria um dos líderes de uma facção criada no bairro Bom Jesus, na zona Leste de Porto Alegre, mas que também criou ramificações na Serra gaúcha.
De acordo com a Polícia Civil, o foragido seria um dos artífices da guerra entre duas facções em Caxias do Sul. O conflito deixou 17 mortos em janeiro, o mês mais violento dos últimos seis anos no município.
A recaptura do preso mobilizou agentes da Delegacia de Homicídios e da Delegacia de Polícia Federal em Caxias. Após os procedimentos legais, ele foi conduzido ao sistema penitenciário do Estado de Santa Catarina, onde permanecerá à disposição da Justiça.
O advogado Andrei Felipe Valandro explica que seu cliente decidiu fugir após o nascimento do filho. “Ele foragiu em decorrência de uma condenação pelo delito de tráfico. Foi determinado que ele voltasse para a prisão e, neste meio tempo, nasceu o filho dele. Por isso ele fugiu”, disse.
Ainda de acordo com o jurista, o capturado não tem envolvimento com a disputa entre facções em Caxias do Sul. Ele também nega que o preso exerça a liderança de uma organização criminosa.
"A Polícia diz que todo mundo é liderança mas, no Brasil, o que seria um ‘líder de facção’? Poderia ser dito que ele era integrante, mas não líder. Fato é que, no sistema penitenciário, os presos são obrigados a pertencer a um grupo”, destacou.
“Também não é verdade que ele estaria envolvido com as mortes em Caxias do Sul. Ele não tem nenhum envolvimento com isso. Os crimes dele tem a ver com roubos, ele nunca mandou matar ninguém e nem teve qualquer participação em homicídios”, enfatizou o advogado.
Guerra do tráfico em Caxias
A Polícia Civil não descarta que a disputa entre facções tenha relação com as mortes de dois líderes do tráfico na Serra. O primeiro deles é Jeferson Neves Montanari, o Fera, de 40 anos.
Fera foi morto com pelo menos dez disparos, no dia 26 de junho de 2023, dentro da própria empresa de guinchos, na BR 116, em Vacaria. Ele era apontado como o maior distribuidor de crack de Caxias do Sul. A quadrilha dele teria vínculos com a facção originária da zona Leste de Porto Alegre.
No mês seguinte à morte de Fera, em julho, ocorreram 12 homicídios em Caxias. A maior parte dos casos foi tratado como retaliação. A vingança perdurou até o final do ano. O município contabilizou nove mortes em dezembro.
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